Antigamente as pessoas se casavam por herança familiar, para manter a tradição de alguma família, para salvar uma família de alguma crise, decadência, escandalo etc. Só se casavam os nobres, a plebe, escravos etc não podiam se casar. Num primeiro momento o casamento consistia no fato de um homem e uma mulher coabitarem numa mesma casa. Em geral o Estado não se intrometia nos casamentos, o que começou a mudar na época de Augusto, em Roma, onde foram estabelecidas algumas leis sobre o casamento, a plebe poderia se casar com patrícios, foi instituido 'legalmente' as punições contra o adultério, o que acontecia como tradição, passou a ser lei, e em geral só quem era púnida era a mulher, o homem só era púnido caso se envolvesse com uma mulher casada. Em Roma a traição dava o direito até de matar a companheira e/ou o amante, o que hoje em dia é um crime. O casamento por amor era comum apenas nas classes baixas, visto que por não possuirem bens, só se uniam por tal afeição.
Por que as pessoas se casam hoje em dia? Não se casa mais para manter o nome, a reputação, de uma família, nem por tradição. Portanto não sobram muitos motivos que não o casamento por amor ou visando os bens do parceiro. Em nossa época grande parte desses casais vivem a base de traição, cada um no seu lado, no seu canto, geralmente "um ama mais do que o outro", um se sacrifica, enquanto o outro apenas goza dessa adoração, ou em alguns casos, verdadeiras idolatrações. Grande parte das pessoas traem, algumas se arrependem, poucas. Grande parte continua em adultério, por anos as vezes, e qual o sentido de estar com alguém querendo estar com outra pessoa? Além de nos enganarmos, estamos iludindo alguém e o fim é sempre trágico, difícil, duro, pesado.
Será que antes de nos casarmos refletirmos sobre a máxima nietzschiniana sobre a durabilidade de um casamento: "O casamento como uma longa conversa. - Ao iniciar um casamento, o homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte de tempo é dedicado à conversa". (F. Nietzsche, Humano, Demasiado Humano, trad. Paulo Cesar de Souza. São Paulo: Cia das Letras, 2005.).
Há casamentos que são contraídos por sexo, por paixão [momentânea], por medo de ficar sozinho, por ter contraído filhos, para agradar alguém, por dinheiro [muito comum], mas será que quando não houver mais sexo, quando não houver mais dinheiro, quando a paixão acabar, quando os filhos crescerem, quando se descobrir que estar a só não é ser solitário, nem triste nem nenhum tipo de mal, o que vai sobrar do casamento? O que você prentederá fazer?
Hoje em dia temos a sorte do divórcio ser tão liberal, se tivéssemos nascido na Grécia ou Roma Antiga, só poderíamos nos divorciar caso um dos dois fosse estéril ou por traição, a mulher então não tinha direitos de fazer nada... O que faríamos se estivessemos nesta situação? Quando todo o transitório acabar, o que ficará? O que restará do casamento? Como será que viverá o casal onde não há amor, nem amizade, nem diálogo suficiente para uma vida?
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