segunda-feira, 26 de março de 2012

Dos Tipos de Amor II

Existem algumas situações ou pessoas que fazem com que você repense uma série de coisas a seu respeito: naquilo que você acredita, ou acha que acredita, no que diz e no que faz, situações que desmoronam seu castelo e fazem você construir tijolo a tijolo sua fortaleza.
Se fosse fácil manter os sentimentos no limite da razão certamente não sofreríamos mais depois de certa idade, com certa experiência de vida, mas não é o que acontece. Quando racionalizamos demais tendemos a agir somente no que temos certeza, e isto exclui mais da metade das situações que poderiam ocorrer em nossas vidas, e grande parte delas está ligada ao fator felicidade, como ter um relacionamento, se divertir, fazer alguma coisa que deu vontade sem saber ao certo o que é ou como fazer, fazer alguma coisa diferente, não fazer nada. Muitas pessoas escondem em sua racionalidade seus sentimentos, no fundo seu medo de sofrer. Ninguém quer ser triste, ninguém quer sentir tristeza, angústia, frustação, medo, inveja, ódio etc etc etc. Mas isso faz parte da vida, a vida não será um mar de rosas, mas não é fugindo das situações que se será feliz. A frustação é apenas armazenada, mas um dia implodimos e poderá ser tarde demais. Faz parte da natureza do ser humano sentir.
Claro, temos que saber sentir, no sentido de que existem coisas que sabemos que é errado fazer, coisas que concerteza nos fará mal, e que podemos não fazer. Mas não devemos em nenhuma circunstância deixar de sentir, ter medo de sentir com medo da frustação e da tristeza. Toda experiência, boa ou ruim, serve para aprendermos algo, para nos deixar mais forte, mais preparados para acontecimentos futuros. Mas de forma alguma, aprendemos concerteza o que fazer em todas as situações, a vida não é tão simples quanto um videogame que assim que descobrimos o que fazer em determinado momento não perdemos mais naquela fase, e assim continuamos até salvar o jogo. Na vida ganhamos e perdemos o tempo todo.
Se for para amar, ame, ame sem se limitar. A racionalidade serve como freio. Você nunca vai sentir o máximo das coisas se limitando, se restringindo. Toda grande conquista, acredita Nietzsche, é alcançada somente com grande esforço. Toda sofrimento pode ser transfigurado em algo positivo, um acúmulo de força, o que muda é a forma com que lidamos com estas situações. Não devemos choramingar, resmungar, definhar com o sofrimento, mas nos recriarmos, se algo deu errado, pode ser mudado, tudo pode ser feito de outra forma, as coisas não são só em preto-e-branco, há sempre algo a mais, basta usarmos a criatividade, basta termos força e coragem para prosseguir, basta queremos fazer diferente, basta fazermos do sofrimento uma força motriz que transmuta dor em criação. Temos de encarar os fatos. Renato Russo dizia que
“Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor
”, é por ficarmos com medo das coisas, que grande parte delas dão errado, pois nos limitamos quando não devíamos, não avançamos quando devemos caminhar, a vida passa em nossa frente, e sofreremos por isso. Como afirmou Nietzsche em certa ocasião:
“da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte”.

sábado, 24 de março de 2012

Dos Tipos de Amor

Boa parte dos problemas do ser humano reside no fato de seu ciclo eterno de desejar-descontentar-se-e-desejar-algo-novo e no fato dele não saber medir o real valor das pessoas ou coisas, colocando a si ou outrem ora em situação muito inferior, ora muito superior, sua balança nunca é justa.
No amor, mais do que em qualquer outra situação o homem revela com nitidez estrondosa sua estupidez. A primeira coisa que a pessoas deveriam saber é que o amor não é nada daquilo que elas acreditam, ele não passa de interações físico-químicas no cérebro, logo um processo natural (físico), não é predestinação, sorte, Deus, milagre nem nada disso. As coisas não acontecem porque teriam de acontecer, mas porque você quis aquilo e foi atrás, você fez com que as coisas acontecessem.
Sendo físico pode ser controlado, o problema é que o homem perdeu o limite – e o controle – de si. Não é tarefa f[acil, principalmente porque queremos sentir e não pensar, nisso reside a porta de entrada para um carro desgovernado e sua estrada é projetada por cada um de nós. O importante até aqui, então, é que as pessoas saibam o que é o amor e como lidar/reagir com ele.
Outra coisa importante é analisar as diversas formas de amor, geralmente o romantizamos, idealizamos: outro erro. Somos contaminados com estas histórias bonitas que vemos em filmes, novelas, livros etc e as vezes deixamos de lutar, às vezes apenas esperamos, às vezes nos cegamos querendo acreditar em algo. A vida não vai ser bonita, nem fácil, muito menos perfeita, então se quer algo corra atrás, e claro tudo deve ser analisado, o impulso é um pecado contra o futuro.
Quando anos apaixonamos por alguém ficamos bobos, avoados, sempre imaginando, sonhando, esperando, idealizando momentos, fazemos planos para um futuro distante. Isto tudo é ilusão, autoengano, não amor.
Quando queremos ter alguém ao nosso lado, mas não necessariamente estamos apaixonados por alguém específico, vamos buscar esse alguém no “mercado”, e sempre queremos o melhor, por fora e por dentro, quando o externo conta mais alto e por mais perfeito que este alguém seja por dentro, se a capa for feia, geralmente o produto é descartado. Isso não é amor, não é querer amor, isto é tesão, excitação, vontade de sexo, ou de se mostrar aos demais, pelo fato de ter alguém belo contigo, é querer se mostrar e ser comentado.
Estamos expostos o tempo todo a padrões de beleza e é como uma necessidade fazer parte: ser magro, usar a roupa da moda, ter o cabelo liso, há coisas que você pode e não usar, como se comportar, onde frequentar, com quem andar e se relacionar, o que estudar. Para tudo há um padrão de bom ou ruim, um quadro bem preto e branco.
Quando o externo é o que conta a história começa a mudar, mas há a necessidade de se librar das marras ilusórias do amor, sem ilusão, sem enganos, sem ficar “viajando no mundo da Lua” e criando fantasias.
Os relacionamentos seriam mais felizes e saudáveis se fossem antes de sentidos, pensados. Relacionamentos deveriam ser criados de acordo com gostos, preferências, ideias, compatibilidade e destino, principalmente o último. Destino no sentido de ir para o mesmo lugar, de ter os mesmos objetivos enquanto casal, e como pessoas eles devem estar alinhados.
Dos sentimentos o amor é o último que deve ser levado em consideração, ele já foi muito contaminado. Antes dele há outros mais importantes para um bom relacionamento: Todo relacionamento deveria ter como sentimento principal o respeito pela pessoa que está com você, em seguida a amizade, depois carinho, fidelidade, afetividade e confiança, e depois destes excitação, interesse/destino, paciência, cooperação e criatividade. Os ingredientes são estes, mas não há uma receita exata a ser, o relacionamento pode ser feito a partir de diversas combinações destes sentimentos. Como resultado disso temos, dentre outros, felicidade, prazer, surpresa, entusiasmo... Na vida como um todo, além das emoções acima é importante sermos honestos, corajosos, éticos. Todo relacionamento e todo amor deve ter como limites os valores acima, sem ilusões e sonhos (sinônimo de ilusão somado à esperança e desejo – o ideal são objetivos). O amor do ponto de vista lógico/racional trabalha com o que temos e podemos ter, trabalha com o óbvio e com sinceridade. Só é válido aquilo que pode vir-a-ser, aquilo concebido pela razão.
Amor como Storge(1*): estilo de relacionamento que preza a confiança mútua, o entrosamento e os projetos compartilhados. Amor também como Pragma (do grego “negócio”, prático”): prioriza o lado prático das coisas. O indivíduo avalia todas as possíveis implicações antes de Embarcar num romance. Se o namoro aparente tiver futuro, ele investe. Se não desiste. Cultiva uma lista de pré-requisitoss para o parceiro ideal e pondera muito antes de se comprometer. Amor como Eros: que se liga de forma mais clara à atração física, e frequentemente compele as pessoas a manterem um relacionamento amoroso continuado. Sinônimo de sensibilidade que leva a atração física e às relações sexuais. Amor não como Philia, ou Ágape, ou Mania ou Psique. De preferência nem Ludus, pode ser perigoso.
Em síntese, antes de sentir qualquer coisa pense a respeito, é com a razão que chegamos mais longe, pois nos livramos de todos os erros de imprecisão dos sentidos. Quando finalmente tiver ponderado o suficiente para poder fazer alguma afirmação com certeza, daí sim pode começar a sentir, mas dentro dos limites da razão. A imaginação é ótima se bem cultivada, deixe as ilusões e fantasias infantis de lado, vá atrás daquilo que é o melhor pra você. Ame, com razão!


1*: Conceitos de amor retirados de Wikipedia.

domingo, 11 de março de 2012

Filme: O Artista

Em meio a tantos lançamentos de filmes do mundo todo dos mais diversos gêneros, das diversas indústrias cinematográficas espalhadas pelo mundo, grandes produções, efeitos especiais que as vezes nos deixam confusos se determinada cena ocorreu de verdade ou se é uma produção digital pela tamanha veracidade surge um filme com quase 2 horas de duração, em preto e branco e mudo. O filme se passa entre 27 e 32, época em que o cinema migrava de mudo para falado e conta a história da queda de George Valentim que achava que os filmes falados eram apenas uma moda passageira e da ascensão de Peppy Miller, que começou sua carreira no cinema como dançarina nos filmes de Valentim, e que chegou ao auge, ao mesmo tempo em que Valentim declinou em sua carreira ao ponto de ter de leiloar todos os seus bens e ir morar com o criado, Clifton. Após incendiar sua casa e descobrir que Peppy havia comprado praticamente todos os seus itens leiloados, volta para sua casa (pós queimada) e desesperado pega um revolver para se matar, quando Peppy chega, ele desiste de se matar e ela insiste a ele, e ao diretor da kinograph Studios, Zimmer que eles estrelem juntos um musical.
Lendo este breve resumo, parece um filme com uma história comum, retratando alguém ou algo e que, como na maioria dos filmes, tem seu final feliz, porém são os pequenos detalhes do filme que fazem dele ainda mais grandioso. E uma mente brilhantemente analítica como da Tatiana Mendes (1) para me fazer comentários interessantíssimos sobre tais características que passam despercebidas à maioria do público.
Bom, só pelo fato passar no final dos anos 20 e começo dos anos 30, ter sido produzido em preto e branco e mudo, já é algo de se estranhar, pensando na correria do nosso dia-a-dia e com os filmes lançados ultimamente. Temos todos os anos aproximadamente de 20 a 25 mi filmes produzidos ao redor do mundo, e lançados em cinemas, Dvds ou divulgados em outras mídias, e boa parte dele, pelo menos àqueles que temos mais contato: filmes em cartaz nas diversas salas de cinema, na televisão e Dvd.
Vejo este filme como uma certa crítica, uma reflexão com nossa cultura atual, vivemos na época mais comunicativa da história, a todos momento estamos conectados com o mundo e conversando com alguém, seja pelo pessoalmente, telefone, sms, ou nos diversos canais da internet. Falamos muito, mas falamos muito por falar, a maior parte do que dizemos são coisas sem sentido, fúteis, que grande parte das vezes não queremos falar ou ouvir, mas ainda assim falamos. Ver um filme mudo nos causa certa estranheza, nos põe à pensar no que significam os gestos, os movimentos, coisas que passam despercebidas por boa parte das pessoas. O necessário não necessariamente será comunicado através de palavras, a mensagem mais importante muitas vezes está nos gestos, nos movimentos, naquilo que não é dito.

” É ela a responsável pela primeira impressão de uma pessoa. O investigador americano Mehrabian fez uma estimativa da proporção verbal/não verbal do comportamento e concluiu que 55% da mensagem é transmitida via linguagem corporal. Ainda segundo o mesmo estudo, a voz é responsável por 38% e as palavras apenas por 7%.”
(2)

Também há a questão da cor do filme, o preto e branco é mais arcaico, mais cansativo, mas ao mesmo tempo mais puro, não há poluição visual, não estamos em contato com diversas cores e efeitos, o ambiente, o visual, todo o cenário de filmes em preto e branco são mais limpos, pois sua dualidade tonal reduz a capacidade de disseminação de algumas formas e figuras que precisariam de diversas cores para que pudessem ser distinguidas. O preto-branco já tira esta confusão de imagens e cores e objetos que temos contato visual a todo instante, a poluição visual foi cortada de cena.
Algumas características interessantes do filme estão nos detalhes de roupas e cenas, como o vestido da Peppy, com um decote muito maior do que o de costume na década de 20, o vestido que na parte de trás as listras contornam o quadril indo em direção a bunda, indicando um sinal de sexualidade. A cena em que Peppy entra no camarim do Valentim e põe um braço dentro do terno dele e faz como se ele a abraçasse, outra cena com certo teor sexualista, claro, pensando nos conceitos morais da época. Valentim que quando estava no auge, em todas as cenas estava cercado de espelhos e sempre se olhava, sempre com um semblante altivo, e quando em seu declínio já não se olhava mais no espelho, não se reconhecia mais. Outra cena com traço de perda da personalidade é aquela em que Valentim assistiu a um filme em sua casa, e assim que acabou se levanta e pára em frente ao retroprojetor e sua sombra projetada na parede discute com ele e o abandona, ele não perdeu a sombra, ele perdeu a alma. Não acompanhou uma ‘tendência do mercado’ e acabou sendo deixado pra trás, foi esquecido e logo substituído, o “ele” já não existe mais, foi embora com sua fama, sua personalidade era o ator famoso, no auge, o galã, idolatrado, amado.
É interessante notar também as mudanças que ocorrem na sociedade, e que quando não a acompanhamos ficamos para trás, temos que estar de acordo com o mundo em que vivemos, senão seremos esquecidos, seremos sempre um lado B. Como poucas pessoas tem a percepção na hora certa de mudar, para onde ir, o que e como fazer e como a mudança do status de ídolo para esquecido pode levar a pessoa a loucura.


(1)Comentários da Tatiana Mendes em itálico.
(2)http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_n%C3%A3o_verbal

sábado, 4 de fevereiro de 2012

"Quem pensa não casa"

Certa vez numa das aulas práticas da autoescola, parei o carro para processar algumas informações e tentar fazer certo na prática, daí o instrutor logo disse, não pensa, faz e vê se dá certo, ainda assim parei pensei e fiz e ele me disse “quem pensa muito não casa”.
Sempre guardei aquela frase, mas nunca tinha parado para refletir nela. Ontem na Dj Club certa altura da noite, estava ‘dançando’ e bom, toda hora estou pensando em alguma coisa, refletindo sobre algo, daí estava dançando ouvindo altos clássicos do rock’n’roll e me peguei pensando em relacionamentos. Estava analisando o perfil das pessoas que estavam ali, alguns casais formados, outros que estavam se formando, os homens buscando alguma mulher solteira para passarem a noite, muita gente bêbada, muita gente literalmente empolgada com a música...
Bom, ninguém casa com qualquer pessoa, antes do casamento você conhece, fica, namora, noiva e casa, pelo menos o processo natural é assim, e quando você pára para pensar em todas as situações tanto no processo de conhecer alguém ou quando está com ela, você tenderá a ser racional em todas as suas ações e começará a fazer um monte de paralelos e análises do que você gosta, faz, espera, pensa e no que a outra pessoa gosta, faz, espera, pensa, age, se veste. Todos nós temos uma série de regras de coisas que não gostamos/aceitamos e fazemos isso inconscientemente, por exemplo, eu gosto de mulheres femininas, logo uma mulher vestida mais masculina que eu não gostaria, já não daria tanta atenção, ou por exemplo, não gosto de mulheres com alargadores, mais gosto de mulheres com piercing no nariz, então você acaba formando uma série de regras e todas as pessoas que você conhece acaba enquadrando dentro destas regras, positiva ou negativamente.
Nenhuma, absolutamente nenhuma, pessoa se enquadrará em todas elas, a não ser que seus critérios não sejam tão extensos ou rígidos, mas um dia você acaba conhecendo alguma pessoa que ou antes de conhecer ou no processo ou após seu ‘coração’ (embora tudo seja um processo cerebral, mas assim fica mais fácil de compreendermos) acaba batendo mais devagar ou rápido, você se encanta por aquela pessoa, por algum motivo consciente ou não, geralmente esse processo é totalmente obscuro para nós, eu sei porquê gosto de algumas coisas e renego outras, mas não sei porque posso ver uma menina e me apaixonar por ela, por algum motivo ela está dentro das “regras”, mas o estranho é quando isso acontece antes de você conhecer esta pessoa. Outra certeza é que as pessoas, todas elas, estão dentro de estereótipos, então o jeito como a pessoa anda, como se comporta, como se veste, como se maquia, tudo indica alguns traços de personalidade, e assim que vemos já identificamos nos modelos que temos pré-definido. Geralmente acertamos.
Mas voltando aos critérios, nunca parei para hierarquizar quais os critérios são mais importantes, embora inconscientemente eu saiba quais características eu prefira se tiver que escolher entre duas, acho que nenhuma seja igual em valor à outra. E quando você se apaixona por alguém, como ninguém é perfeito, sempre terá uma ou algumas características que não gostamos, quando ela está no nível de gostar ou não ainda não é problema, mas sim quando isso implica em aceitação, justamente pela hierarquização, quanto mais no topo, se for contrário ao que espera é inaceitável, quanto mais abaixo mais tolerável.
Renato Russo na música Esperando por Mim disse “Digam o que disserem o mal do século é a solidão, cada um de nós imersos em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição”. Outra coisa importante que temos de saber é com relação aos nossos sentimentos: identifica-los. A prática leva a perfeição. É importante na vida sentirmos bastante, termos diversas sensações e sentimentos, várias vezes, experiências boas e ruins, isso acaba levando a uma perfeição no sentir e no fazer (o que fazer, quando fazer, como fazer). Voltando à música, temos de ter estas sensações e sentimentos e experiências porque muito sabiamente dito “o mal do século é a solidão”, se você parar pra pensar, estamos a todo momento buscando afeição, não necessariamente um affair, mas na família, com os amigos, o ser humano precisa de carinho, raras são as pessoas que “desligaram sua humanidade” (usando um conceito de Vampire Diaries). E claro, nessa busca incessante por afeição muitas vezes fazemos coisas instintivas, sem nenhum tipo de raciocínio, o que é bom por um lado, no viver, na experiência, na sinceridade da ação, e negativa, pois podemos nos magoarmos e algumas dores demorar para serem cicatrizadas, em alguns casos podemos nos arrependermos socialmente, pois isso pode se voltar contra nós de alguma forma, como uma repressão da sociedade ou de uma pessoa ou outra (como a Geisa que foi à faculdade praticamente seminua, o que causou certo alvoroço na sociedade universitária (Uniban) e teve que sair com a polícia, e depois com os comentários negativos da sociedade, mas temos diversos outros exemplos se pararmos para pensarmos ou procurarmos no Google). A opinião pública é muito forte, tem a voz muito alta, e algumas vezes, mesmo que isto seja errado, está certo quem fala primeiro e/ou mais alto.
Quando você pára para pensar em todas estas questões, em todos os mínimos detalhes, você sempre acabará ficando com o pé atrás antes de entrar em qualquer situação, seja um relacionamento, uma amizade ou o que for. Claro que precisamos viver em sociedade e muitas vezes ignoramos algumas coisas para um bem comum, um convívio pacífico, mas é mais fácil fazer isto numa amizade do que num relacionamento, as pessoas se cobram muito nestes casos, cobram de si e do parceiro, e ninguém gosta de ficar sem respirar, precisamos de certa segurança para seguirmos nosso caminho. A vida guiada de forma racional iniciou-se em Sócrates e todos os filósofos pré-socráticos, ao longo dos séculos, algumas coisas mudaram, mas no século XIX isso ressurgiu com muita força com o Positivismo, creio que devemos ter ser totalmente racionais para algumas questões (como a matemática e todas as ciências), mas não na vida. Nietzsche criticou essa esfera do racionalismo e da moral cristã.
“O racionalismo ocidental atrofiou a vida humana porque desvalorizou de uma forma radical este mundo e esta vida, transformando em mundo verdadeiro e superiormente real um mundo artificialmente construído, que nada mais traduz do que a incapacidade e a impotência perante a realidade, isto é, perante o sofrimento, a dor, tudo o que no mundo terreno nos inquieta, desconcerta e ameaça. Esta negação da vida, de tudo o que é sensível, corpóreo, dos instintos, das paixões, produziu grandes obras intelectuais, esteve na origem de brilhantes produções do espírito, mas revela-se, no fundo, profundamente imoral.”
O racionalismo acaba sendo uma máscara de proteção contra a dor e o sofrimento, contra a vida, contra aquilo que disse acima que é importante sentirmos bastante, tanto coisas boas e ruins, devemos viver, devemos viver com certa cautela, não fazendo qualquer besteira que vier à mente, até por existirem leis que podam algumas excitações do homem, mas devemos viver, quanto menos vivermos de aparências, de modelos, de construções, de regras, viveremos mais felizes.
“Ouse, ouse… ouse tudo! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda … a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!” – Lou Salomé
Certa vez numa das aulas práticas da autoescola, parei o carro para processar algumas informações e tentar fazer certo na prática, daí o instrutor logo disse, não pensa, faz e vê se dá certo, ainda assim parei pensei e fiz e ele me disse “quem pensa muito não casa”.
Sempre guardei aquela frase, mas nunca tinha parado para refletir nela. Ontem na Dj Club certa altura da noite, estava ‘dançando’ e bom, toda hora estou pensando em alguma coisa, refletindo sobre algo, daí estava dançando ouvindo altos clássicos do rock’n’roll e me peguei pensando em relacionamentos. Estava analisando o perfil das pessoas que estavam ali, alguns casais formados, outros que estavam se formando, os homens buscando alguma mulher solteira para passarem a noite, muita gente bêbada, muita gente literalmente empolgada com a música...
Bom, ninguém casa com qualquer pessoa, antes do casamento você conhece, fica, namora, noiva e casa, pelo menos o processo natural é assim, e quando você pára para pensar em todas as situações tanto no processo de conhecer alguém ou quando está com ela, você tenderá a ser racional em todas as suas ações e começará a fazer um monte de paralelos e análises do que você gosta, faz, espera, pensa e no que a outra pessoa gosta, faz, espera, pensa, age, se veste. Todos nós temos uma série de regras de coisas que não gostamos/aceitamos e fazemos isso inconscientemente, por exemplo, eu gosto de mulheres femininas, logo uma mulher vestida mais masculina que eu não gostaria, já não daria tanta atenção, ou por exemplo, não gosto de mulheres com alargadores, mais gosto de mulheres com piercing no nariz, então você acaba formando uma série de regras e todas as pessoas que você conhece acaba enquadrando dentro destas regras, positiva ou negativamente.
Nenhuma, absolutamente nenhuma, pessoa se enquadrará em todas elas, a não ser que seus critérios não sejam tão extensos ou rígidos, mas um dia você acaba conhecendo alguma pessoa que ou antes de conhecer ou no processo ou após seu ‘coração’ (embora tudo seja um processo cerebral, mas assim fica mais fácil de compreendermos) acaba batendo mais devagar ou rápido, você se encanta por aquela pessoa, por algum motivo consciente ou não, geralmente esse processo é totalmente obscuro para nós, eu sei porquê gosto de algumas coisas e renego outras, mas não sei porque posso ver uma menina e me apaixonar por ela, por algum motivo ela está dentro das “regras”, mas o estranho é quando isso acontece antes de você conhecer esta pessoa. Outra certeza é que as pessoas, todas elas, estão dentro de estereótipos, então o jeito como a pessoa anda, como se comporta, como se veste, como se maquia, tudo indica alguns traços de personalidade, e assim que vemos já identificamos nos modelos que temos pré-definido. Geralmente acertamos.
Mas voltando aos critérios, nunca parei para hierarquizar quais os critérios são mais importantes, embora inconscientemente eu saiba quais características eu prefira se tiver que escolher entre duas, acho que nenhuma seja igual em valor à outra. E quando você se apaixona por alguém, como ninguém é perfeito, sempre terá uma ou algumas características que não gostamos, quando ela está no nível de gostar ou não ainda não é problema, mas sim quando isso implica em aceitação, justamente pela hierarquização, quanto mais no topo, se for contrário ao que espera é inaceitável, quanto mais abaixo mais tolerável.
Renato Russo na música Esperando por Mim disse “Digam o que disserem o mal do século é a solidão, cada um de nós imersos em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição”. Outra coisa importante que temos de saber é com relação aos nossos sentimentos: identifica-los. A prática leva a perfeição. É importante na vida sentirmos bastante, termos diversas sensações e sentimentos, várias vezes, experiências boas e ruins, isso acaba levando a uma perfeição no sentir e no fazer (o que fazer, quando fazer, como fazer). Voltando à música, temos de ter estas sensações e sentimentos e experiências porque muito sabiamente dito “o mal do século é a solidão”, se você parar pra pensar, estamos a todo momento buscando afeição, não necessariamente um affair, mas na família, com os amigos, o ser humano precisa de carinho, raras são as pessoas que “desligaram sua humanidade” (usando um conceito de Vampire Diaries). E claro, nessa busca incessante por afeição muitas vezes fazemos coisas instintivas, sem nenhum tipo de raciocínio, o que é bom por um lado, no viver, na experiência, na sinceridade da ação, e negativa, pois podemos nos magoarmos e algumas dores demorar para serem cicatrizadas, em alguns casos podemos nos arrependermos socialmente, pois isso pode se voltar contra nós de alguma forma, como uma repressão da sociedade ou de uma pessoa ou outra (como a Geisa que foi à faculdade praticamente seminua, o que causou certo alvoroço na sociedade universitária (Uniban) e teve que sair com a polícia, e depois com os comentários negativos da sociedade, mas temos diversos outros exemplos se pararmos para pensarmos ou procurarmos no Google). A opinião pública é muito forte, tem a voz muito alta, e algumas vezes, mesmo que isto seja errado, está certo quem fala primeiro e/ou mais alto.
Quando você pára para pensar em todas estas questões, em todos os mínimos detalhes, você sempre acabará ficando com o pé atrás antes de entrar em qualquer situação, seja um relacionamento, uma amizade ou o que for. Claro que precisamos viver em sociedade e muitas vezes ignoramos algumas coisas para um bem comum, um convívio pacífico, mas é mais fácil fazer isto numa amizade do que num relacionamento, as pessoas se cobram muito nestes casos, cobram de si e do parceiro, e ninguém gosta de ficar sem respirar, precisamos de certa segurança para seguirmos nosso caminho. A vida guiada de forma racional iniciou-se em Sócrates e todos os filósofos pré-socráticos, ao longo dos séculos, algumas coisas mudaram, mas no século XIX isso ressurgiu com muita força com o Positivismo, creio que devemos ter ser totalmente racionais para algumas questões (como a matemática e todas as ciências), mas não na vida. Nietzsche criticou essa esfera do racionalismo e da moral cristã.

“O racionalismo ocidental atrofiou a vida humana porque desvalorizou de uma forma radical este mundo e esta vida, transformando em mundo verdadeiro e superiormente real um mundo artificialmente construído, que nada mais traduz do que a incapacidade e a impotência perante a realidade, isto é, perante o sofrimento, a dor, tudo o que no mundo terreno nos inquieta, desconcerta e ameaça. Esta negação da vida, de tudo o que é sensível, corpóreo, dos instintos, das paixões, produziu grandes obras intelectuais, esteve na origem de brilhantes produções do espírito, mas revela-se, no fundo, profundamente imoral.”

O racionalismo acaba sendo uma máscara de proteção contra a dor e o sofrimento, contra a vida, contra aquilo que disse acima que é importante sentirmos bastante, tanto coisas boas e ruins, devemos viver, devemos viver com certa cautela, não fazendo qualquer besteira que vier à mente, até por existirem leis que podam algumas excitações do homem, mas devemos viver, quanto menos vivermos de aparências, de modelos, de construções, de regras, viveremos mais felizes.

“Ouse, ouse… ouse tudo! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes. Se você quer uma vida, aprenda … a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!” – Lou Salomé