quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Despedida, e Recomeço...

Semana passada pedi as contas do trabalho (...) Depois que pedi as contas comecei a pensar no que falaria nos 'clássicos' e-mails de despedida, escrevi algumas versões, mas decidi não enviar nenhuma delas, ainda estou cumprindo aviso, não escrevi ainda o e-mail, mas vou publicar aqui o que decidi não enviar lá...

Versão 1


O que aprendi aqui?!...
Aprendi que na vida conheceremos pessoas fantásticas que nos “apaixonaremos”, pelo seu jeito, por ter uma educação e conhecimento fora do comum, por nos ensinarmos com suas ações tudo o que precisamos saber para enfrentar situações difíceis, para amadurecer, saber o que dizer, como dizer, como fazer, o que fazer, tudo na hora e do jeito certo. Na vida conhecemos mestres.
Aprendi na vida, também, que os mestres vão embora...
Aprendi que quando você quer, você faz, mas não é só isso que nos impulsiona, estamos sempre aprendendo, precisamos de orientação e precisamos de motivação para continuarmos fazendo. O ser humano também é movido por reconhecimento, e quando se trabalha no meio de pessoas o feedback de como está seu desenvolvimento é fundamental.
Aprendi que quem faz pra quem finge que acompanha é quem grita mais alto.
Aprendi que mudanças são positivas se forem focadas, se tiverem um rumo, um porquê, um objetivo. Mudar por mudar, sem planejamento ou acompanhamento gera insegurança, pois lideres são diferentes, as pessoas são diferentes, os modos de viver são diferentes e não é possível orientar e acompanhar se estamos a cada segundo mudando de uma forma à outra e voltando e indo novamente. Precisamos ter um pilastra central para nos sustentarmos.
Aprendi que fazer não é o bastante, você precisa mostrar o que fez, não há reconhecimento sem apresentação, sem se mostrar, sem saber vender-se. Importante é saber fazer tudo isso eticamente.
Aprendi que educação não está só no modo de como falar ou tratando gentilmente as pessoas, há falta de respeito e educação em várias atitudes gentis. Pedir desculpas não muda o que passou, não altera os fatos, não retira o que ficou preenchido em nosso coração. Pequenas atitudes como atrasar-se é um sinal de falta de respeito com o próximo.
Aprendi que quem quer fazer a coisa certa geralmente se dá mal, sofre mais, sangra mais, mas fundamental é estar com a consciência limpa de que em todas as suas ações foi-se ético, civilizado, foi-se humano.
Aprendi que quem sangra aprende mais e cresce mais. Comodidade é atraso de vida, é ficar pregado sempre no mesmo lugar. Geralmente o que é fácil demais não nos acrescenta nada e vida é desenvolvimento, é movimento.
Aprendi que há pessoas que marcam e há pessoas que por mais que conviva com ela sempre esquece-se que ela exista, alguns não nos marcam por sua insignificância. Aprendi que temos que conviver com quem amamos e com quem odiamos e com ambos termos a mesma postura.
Aprendi que mesmo com razão quem perde o controle está errado.
Aprendi que não há muita justiça na vida...
Aprendi que simpatia traz muitas pessoas pra perto e que profissionalismo no meio da simpatia alheia afasta as pessoas, o profissional, o homem da cartilha é taxado de chato, bajulador dentre outros.
Aprendi que nada está bom, as pessoas sempre esperam mais de você, muitas vezes elas não dão o suficiente delas, ou não dão tanto quanto cobram.
Aprendi que sempre alguém falará mal do que você faz por inveja ou incapacidade, alguém sempre tentará te diminuir na frente dos outros ou tentará se diminuir para você o elevar ou mostrar suas fraquezas, Nietzsche uma vez corrigindo a passagem bíblica (“Quem rebaixa aos outros, quer elevar-se a si mesmo”), diz que “Quem rebaixa a si mesmo quer ser elevado”.
Aprendi que devemos ser mais racionais do que emotivos, a emoção nos guia por caminhos tortuosos e sofremos mais do que devemos, a paixão nos leva a loucura.
[incompleto]


Versão 2

Tudo na vida a seu tempo. Tudo na vida tem seu tempo. O homem é um animal desejante, pensando, um ser que sonha... E por sonhar queremos sempre mais, melhor.
O homem sabendo ou não sofre de desespero, desespero pelo ‘eu’, desespero pelo desejar e pelo conseguir. Estamos sempre querendo algo e sempre que conseguimos uma coisa queremos outra nova, diferente. Estamos sempre nos buscamos - mas facilmente perdemos a nós mesmos -, sempre querendo ser algo, ser alguém, possuir algo ou alguém, como se isto fosse uma parte perdida de nós mesmos. Em todos os lugares procuramos identidade. Este é o motivo do seu desespero.
A causa deste mal é, também, o que nos faz grandiosos: imaginamos sempre outros meios e modos de como conquistar algo. Os homens precisam elevar-se, tudo pra ele tem seu tempo, quando não há mudanças, logo vem o cansaço, a insatisfação, a tristeza...
Alguns resignam com as injustiças e os males, outros lutam, outros pacificamente tentam mudar a situação recorrendo aos superiores, que podem intervir ao que está sendo feito de errado, porém se nada é feito estes abandonam o barco e vão em busca de outro navio, outra tripulação, as vezes até outros portos ou mares. Aos que se resignam, acabam aceitando e praticamente (voluntariamente ou não) as mesmas ações injustas; aos que lutam não guardam rancor ou tristezas, pois estão ativamente se opondo, resistindo e fazendo de tudo para mudar a situação; aos que tentam resolver politicamente há o rancor, pois nem sempre há o desejo da mudança, ou a intenção, ou apenas a boa-vontade em ajudar, estes são os que partem, não encontrando apoio nem pegando em armas, preferem abandonar a situação a sofrerem calados.
Mudança e desejo é o que nos move, amor e ódio, coragem e indignação, guerra e paz...
Importante é não resignar-se, não abandonar-se, não trair-se, não tomar do mesmo veneno dos demais, não se juntar aos trapos, aos ladrões, aos baderneiros, aos preguiçosos, aos invejosos, aos insolentes...
Importante é querer mudar, querer evoluir, querer ir adiante, ultrapassar...
Importante é além do desejo a ação, desde que haja virtude e honra nestas ações, não é pegando em armas ou armando contra outras pessoas, mas com as palavras que mudamos nossos caminhos, que moldamos pessoas, que as formamos, que discutimos, através delas são feitos acordos...
Importante também é não se apegar, pois tudo é passageiro, tudo muda, tudo é volátil, passageiro...
Seja sincera consigo próprio e lute pelo o que acredita, tenha valores, saiba julgar e ser justo, tenha argumentos para se defender e se impor. Leve a vida o mais tranquilamente possível, a felicidade é um estado de espírito, algo que se alcança, não que se compre ou se ganhe.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Eterno Retorno

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E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse:

"Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!".

Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías:

"Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!"

Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa:

"Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?"

pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?

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Friedrich Nietzsche, "Eterno Retorno", A Gaia Ciência

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano Novo...

31 de dezembro, último dia do ano para quase todo mundo, bom, para todos os países que seguem o calendário cristão hoje é o último dia, amanhã um novo dia, um novo ano, uma nova esperança, um novo sonho, uma nova vida...
Época em que avaliamos nosso ano, colocamos tudo na balança, vemos o que resultou positivamente e o que não deu certo, o que conquistamos e o que perdemos, e iniciamos novos planos para o novo ano que se segue.
O tempo se olhado no calendário parece fechado, com começo, meio e fim e depois de 365 dias se renova, o calendário nos dá esta ilusão proveitosa, o tempo não acaba, ele continua eternamente, o calendário é uma forma de prender o tempo, querer segurá-lo no presente, mesmo que esteja num passado distante. E tentamos prendê-lo o tempo todo, com fotos, registros, guardando documentos, papéis etc.
O tempo passa o tempo todo, todo tempo passado faz parte de nossa história e nada pode mudá-lo, a vida toda é feita de impressões que nunca são esquecidas, nunca podem ser alteradas, nosso passado está enterrado sob a pedra da vida, uma pedra imensa, um fardo pesado, porém invisível. Quando não temos ciência de que tudo o que fazemos volta-se contra nós no tempo, no futuro, perdemos vida. O Destino é implacável, não tem dó, não perdoa nada, nada passa despercebido, nada se esquece, nada se muda, tudo permanecerá eternamente qual foi, exatamente em cada milésimo de segundo, cada sensação, cada riso e cada dor. Ao Destino e ao Tempo não engana-se.
Passamos a vida, porém, contando com a Sorte, que escolhe a dedo a felicidade ou o infortúnio, mas à Sorte podemos escapar; quando navegamos sem conhecer o mar, as ondas, e as correntezas, ficamos a mercê do seu agrado. Nossa vida não é diferente, quando não fazemos nada de nossas vidas, ficamos a mercê da vida, do Destino e do Tempo, até que um dia nosso tempo acabe e nossas vidas serão tão inúteis que passarão despercebidas por todos. Temos que tomar as rédeas de nossas vidas e viver tendo em mente que a vida tal qual nós a estamos vivendo, se a tivéssemos que vivê-la eternamente, em cada segundo, cada dor, cada riso, cada esperança e cada conquista, se nada fosse alterado, se nada, por mais insignificante que seja pudesse ser alterado o mínimo possível, como veríamos nossa vida? Nos orgulharíamos de nós mesmos ou nos amaldiçoaríamos? Assistiríamos o filme da nossa vida como o filme de um herói ou como uma tragédia? Ou pior, uma comédia?
Cada dia construir algo para além de nós, conhecer, crescer, acrescentar, fortalecer, ir além... Estes devem ser nossos ideais norteadores. A certeza que não desperdiçamos o tempo, não passar mais tempo buscando coisas perdidas, olhar sempre afrente, não fugir ao Tempo nem ao Destino, amaldiçoar nossa Sorte, pois esta é uma desculpa dos fracos, dos que não tem força nem coragem, muito menos sinceridade em assumir nada. Deixar sua vida ser guiada por qualquer vento que soprar mais forte é estar perdido dentro da própria vida, se lançar ao mar com uma canoa sem remo.