Há remédios para o amor, para a incapacidade de amar, para o desejo de vida?
Grande parte das pessoas buscam as respostas nos lugares errados, e quando se dão conta de que suas ações foram infrutíferas, torna-se pior a sensação de si mesmo. Muitos entregam-se as bebidas, a libertinagem, desligam sua capacidade de pensamento ou preocupação com o exterior (pessoas, coisas, opiniões etc). As pessoas conseguem viver assim por longos anos, talvez à vida inteira, mas todos os dias naqueles minutos que antecedem o sono, quando você está sozinho na sua cama e seus pensamentos estão livres para aterrorizá-lo torna-se insuportável qualquer idéia. Normalmente as pessoas mudam, aos poucos, seu comportamento, suas ações, suas opiniões, começam a fazer coisas que não faziam, que não suportavam, que odiavam até sua última gota de sangue.
O que comumente leva as pessoas ao desespero é o medo de ficarem sós, as pessoas não são, não estão e nem conseguem compreender a idéia de ficarem sós, elas necessitam de companhia, de pessoas, de alguém, por mais que isto seja prejudicial preferem sofrer acompanhadas, como dito pelo Renato Russo
"digam o que disserem, o mal do século é a solidão, cada um de nós imerso em sua próprio arrogância esperando por um pouco de afeição”.O mal do homem está no fato de que ele sente, quanto mais ele conseguir desligar seus sentimentos menos sofrerá, o homem sofre por amar, por esperar, por desejar, por confiar, em tudo o que faz espera algo da outra parte e sempre espera muito e do seu jeito, e, claro, cada um de nós é um universo de desejos, esperanças, crenças, amores, sonhos, nossa interação está baseada naquilo que queremos e esperamos. Não aprendemos a conviver para o bem público, não aprendemos a viver para o próximo, como homens, vivemos egoisticamente em todas as nossas ações, por mais simples e, aparentemente, sem intenção, em tudo há interesses e motivações, em tudo há respostas que não estão de acordo com o que planejamos e isto que nos traz diversos sentimentos negativos, que variam de intensidade e modo dependendo de cada um e de cada situação.
O homem é um animal racional egoísta que sente, em tu do o que faz espera tirar o melhor proveito para si, se não nesta vida em outra, alguns sacrificam o presente achando que ganharão algo melhor na outra vida, a vantagem disto é que seu sofrimento não dói tanto, justamente por acreditarem que nisto reside sua salvação, aquele que consegue mentir a si mesmo ameniza o tamanho de sua dor.
Todos os sentimentos do homem quando não há está fé sem precedentes são falsos, a própria fé é uma falsidade, mas ela exige tanto esforço e tempo para ser questionada, posta a prova e deixada de lado, que a maior parte das pessoas não tem força o suficiente para tanto, então neste caso, esta regra não se aplica da mesma maneira. O único sentimento real no mundo é o ódio, o amor muda, a fé pode mudar, amizades mudam, acabam, tudo o que você imaginar pode mudar, mas não se deixa de odiar alguém, pode-se mudar de opinião sobre alguém que não se gosta, não vai com a cara, têm-se uma impressão negativa sobre tal pessoas, mas quando se conhece e há um motivo para odiá-la, nada o fará mudar de idéia. Todos os sentimentos restantes são instituídos a partir das leis e regras criados
“para proteger os homens contra sua natureza” (Freud), "(...) a moral é condicionada aos acontecimentos da história do homem que o levaram a criar os valores que conhecemos e não outros.” (Cíntia Vieira da Silva, in Cadernos Nietzsche 8, 2000, pg. 44).Desta forma nossos sentimentos foram instituídos a partir de uma série de instituições que criaram valores para tornar os homens menos violentos, instintivos, titânicos e adestra-los para um convívio pacífico, em sociedade, este foi o papel das religiões, das leis, regras e ordem instituídas desde que o homem começou a se organizar em sociedades, evoluídas com o homem e apropriadas para cada época e lugar. Hoje não vemos mais um sinal positivo de criação ou de reeducação dos valores, os tempos mudaram, somos outros, mas permanecemos com os mesmos valores de outrora, parte de nosso desespero surge daí, olhamos com os mesmos olhos do passado o atual, e julgamos da mesma forma que antes coisas novas, o homem tornou-se demasiado cansado, com medo de ir adiante, tudo indica que ou retornaremos à barbárie ou algo destrutivo acontecerá, não há em nosso campo de visão para o futuro esperanças de tempos melhores, tudo o que é bom deteriorou-se e agora nos agarramos com toda força que possuímos naquilo que nos fortalece, mesmo que seja negativo, pois temos medo do que possa acontecer e este medo nos congela, ao ponto de não conseguirmos superar o nosso tempo, ir para além do homem... Até que haja uma reinvenção de si, o homem sofrerá, seu desespero continuará sem resposta, sem (re)solução, precisamos abandonar nosso medo, dedicarmos mais tempo à humanidade, ao julgamento e criação de valores, de nós mesmos, do sentido da palavra homem, da definição de nosso rumo e de nossa história. Eliminarmos tudo o que sobrou de Véu de Maya, que nos faz ver apenas àquilo que imaginamos benéficas, aquilo que queremos ver, precisamos enfrentar à sangue nós mesmos, nosso lado obscuro, para podermos superior nosso tempo e criamos os valores para o homem do futuro.
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