Perdemos nosso tempo pensando no futuro, desejando-o, e do mesmo modo o perdemos relembrando o que passou, o que fizemos, ou o que deveríamos ter feito. Sempre que pensamos no que passou encontramos uma maneira melhor de fazer o que fizemos em cada situação e nos lamentamos e perdemos tempo pensando no que devemos fazer para termos algo. Enquanto pensamos e nos lamentamos de algo que não fora feito como gostaríamos ou no que deveríamos fazer no futuro para alcançar um objetivo, um ideal, um sonho nosso presente se vai, desperdiçamos todo tempo nosso tempo - a única coisa que nos pertence, a única posse que temos verdadeiramente, e o perdemos sem reclamar porque o tempo está presente o tempo todo e não sentimos falta do que perdemos se ainda temos muito, ou acreditamos que o temos... Economizamos dinheiro ou gastamos mais do que possuímos e na maior parte das vezes com coisas desnecessárias, estragamos nosso corpo com bebidas e comida em excesso, trabalhamos onde odiamos, convivemos com pessoas e em lugares que não suportamos, há algo que nunca sabemos o que é, que nos faz aceitar tudo isso como algo aceitável, normal. Deixamos sempre para depois o que não parece ser tão importante, ou o que dá muito trabalho, pois estamos sempre muito cansados, e por isso sempre procuramos lazer e descanso ou invés de mais trabalho, mais esforço (físico ou mental), nunca lemos tudo o que gostaríamos ou deveríamos, sempre procuramos algo que nos divirta e nunca algo que nos acrescente, que nos eleve, nos deixe mais forte. Perdemos a vida quando deixamos para depois o que deveríamos fazer agora, quando desperdiçamos nosso tempo com futilidades e diversão, nosso espírito se torna mais infantil, mais vulnerável à vida, fazemo-nos reféns ao invés de mandantes de nossas vidas. Da mesma forma procuramos pessoas que nos divirtam, nos entretenham e nunca pessoas para debatermos, para criarmos algo além, para elevarmos nosso espírito... Passamos a vida toda dando desculpas esfarrapadas para os outros sobre as situações, sobre nós mesmos, evitamos pessoas, contatos, relacionamentos, trabalhos, lugares etc, uns porque são sérios, outros por serem cultos, ou bobos, ou devagar, ou rápidos, ou altos, ou baixos ou por qualquer outra desculpa... Achamos sempre que merecemos algo mais, a mais, melhor, maior. Nunca olhamos para nós mesmos nem avaliamos o que valemos, achamos sempre que somos diferentes, especiais. Procuramos sempre rostos e caraterísticas ou bens e nunca nos procuramos por sentimentos, estamos tão intimamente ligados à carne que nosso espírito se perdeu... Damos tanto valor a nós mesmos e passamos tanto tempo procurando e inventando nossos valores que perdemos nosso tempo, os dias passam, as semanas, meses, anos, quando somos jovens não damos tanto valor a isso, mas quando a idade avança, quando começamos a sentir a morte cada vez mais amarga, mais próxima, percebemos o quão vã foi a nossa vida. Esperamos sempre o que não existe, o que nunca chega, o impossível, o que é melhor, pensamos e pensamos e refletimos e estamos sempre no mesmo lugar, não sabemos avaliar o valor e o peso de cada coisa para nossa vida e nossa escolhas tendem para o lado mais fácil, fazer esforço cansa.. Um dia a morte virá, para todos, esta é a maior certeza que temos na vida e a única, e quando ela chegar nossa vida passara num flashback, o que veremos? Sentiremos orgulho? Achamos que a vida foi realmente vivida? Desfrutada? Teve valor? Viveria em cada segundo novamente a mesma vida? Mudaria algo? Por quê? Deixemos de lado tudo o que é vago, vazio, sem valor, fraco... Façamos de cada fração do tempo uma eternidade e façamos de modo que não nos desapontemos de nossas escolhas, nossos caminhos, de uma maneira que não moveríamos uma agulha do lugar, façamos cada segundo perfeito, completo. Evitemos as más línguas, os encrenqueiros, os ciumentos, os ambiciosos, os tolos, os fúteis, vise mais amor e menos dinheiro.
[Incompleto]
Parabéns pela suas palavras. Realmente intelectual. Bjuss amigo xaudade
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